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terça-feira, 14 de abril de 2020

O primeiro passo para amar alguém é amar a si

 Relacionamento não é contrato para a vida inteira. Nascemos sozinhos e assim será até o último dia de nossa existência. Todos já escutamos a velha máxima do “amar e ser amado”.

Mas parece que amar a si sempre fica em segundo plano, quando deveria ser prioridade.

Vivemos em busca por sermos aceitos, adorados, reconhecidos, queridos, amados. E nós, como nos olhamos e nos vimos de verdade? Da mesma forma como vemos aquele que amamos? Claro que não. Apontar defeito no outro ou acreditar que a perfeição está materializada nele é bem mais fácil.

Logo quando conhecemos uma pessoa, um parceiro, tudo são flores. Defeitos não existem. Apagamos da relação, deixamos lá, bem escondidinhos embaixo do tapete. Mas eles não desaparecem simplesmente por os ignorarmos. Com o tempo, a paixão acaba amansando, já não é mais devastadora como no início, vai dando espaço para coisas que até então achávamos lindas e que passamos, de uma hora para outra, a considerar no mínimo irritantes e insuportáveis. O encantamento, vai desencantando se amor não for alimentado.

O que não nos damos conta é que conosco acontece a mesma coisa. Não somos a mesma pessoa do início de um relacionamento. Com o tempo, vamos demonstrando quem realmente somos. Nossos vários lados. Nossos defeitos aparecem. O mau humor matinal. A estúpida mania de ser metódica e gostar das coisas em seus devidos lugares. A intolerância para ficar duas horas assistindo filme de ficção científica. Coisas bestas, mas que podem ser extremamente relevantes para quem está ao nosso lado.

E se não for possível fazer ajustes? Aqueles que todos os relacionamentos exigem. Se a solução for cada um seguir seu caminho. Sobrará só você. Já passou por isso? Sentiu-se a única culpada pelo fim da relação? Pois saiba que não. Sinto muito informar. Não existem culpados. Não existem vilões. Vocês não eram pessoas erradas um para o outro. Apenas, estavam em momentos diferentes, queriam coisas diferentes, pensavam muito diferentes. E, principalmente, não conseguiram ver o lado bom de toda essa diferença. 
Ou ainda, não se amavam suficientemente para querer ver. Não amavam um ao outro e nem a si mesmos.
Cezar Rodrigues explica o amor próprio de maneira espetacular: “Quando me amei de verdade pude compreender que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa. Então pude relaxar. Quando me amei de verdade pude perceber que o sofrimento emocional é sinal de que estou indo contra a minha verdade. Quando me amei de verdade parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Quando me amei de verdade comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma coisa ou alguém que ainda não está preparado – inclusive eu mesmo. Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudável. Isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças e – qualquer coisa que me pusesse pra baixo. Minha razão chamou isso de egoísmo. Mas hoje eu sei que é amor-próprio. Quando me amei de verdade deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer planos. Hoje faço o que acho certo e no meu próprio ritmo. Como isso é bom! Quando me amei de verdade desisti de querer ter sempre razão, e com isso errei muito menos vezes. Quando me amei de verdade desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Isso me mantém no presente, que é onde a vida acontece. Quando me amei de verdade percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada”.

E é isso que me refiro. Amor-próprio. Conhecer-se. Autoanalisar-se. Olhar para dentro e ver todas as virtudes e defeitos. Perceber-se como alguém normal. Alguém que erra e acerta. Ser livre. Colocar vez ou outra os dedos em algumas feridas. Aquelas causadas por mágoas que preferimos nem pensar por nos doerem. Gostar do silêncio e de ficar sozinho. Aprender que, quando nos amamos, estar em nossa própria companhia é bom, faz bem.
Amar-se é tão bom, faz tão bem. O contrário é tão triste.

Finalizo este texto com as palavras de Fabia Homobono: “Triste mesmo é quando não amamos a nós mesmos. É, pois às vezes chamamos de amor aquilo que acreditamos sentir pelos outros. Não por nós mesmos. Aquilo que muitas vezes, ou quase sempre, egoísta, impomos ao outro. Como parte daquilo que chamamos também de entrega. E cobramos. Chamamos de amor aquela parte que achamos que estamos doando, mas apenas emprestamos a prazo. Às vezes, com juros. Triste mesmo, é vomitar doçuras, escrever purezas e na vida, na rua, no olho, emitir desprezo, amargura, egoísmo. Triste mesmo é achar que amor é ensinar. Quando quase sempre, é aprender. Triste é quando buscamos amor naquilo que não é nosso, e nunca será. Quando tudo que nos pertence, escolhemos ignorar. Triste é não ver o amor transbordando ao nosso redor. Para valorizar aquele amor minguado, quase implorado daqueles ou daquilo que não há nunca de nos afagar. Triste. E o amor, não deveria ser triste.”

Fonte do texto: https://osegredo.com.br/2017/03/o-primeiro-passo-para-amar-alguem-e-amar-si/ - fonte da imagem: internet/google