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terça-feira, 23 de junho de 2020

Há momentos em que a solidão é o preço da liberdade

 Costuma-se dizer que é melhor estar sozinho do que mal acompanhado, e que é melhor uma solidão digna do que tentar manter um NÃO amor ao seu lado. Entendemos “NÃO amor” como esses casais que só se alimentam de insatisfações e nos quais reinam sentimentos negativos que se apoderam da liberdade emocional dos seus membros.
É comum, em algum momento das nossas vidas, cairmos em relacionamentos ruins, pois desde a mais tenra infância aprendemos que o casal ideal tem que ser do tipo “não posso viver sem você”, “sem você a minha vida não teria sentido”, “sem você eu morro”, etc.
Se analisarmos estas frases iremos perceber que desatam uma avalanche de pressões e de exigências sobre a outra pessoa e sobre o relacionamento em si, que pode chegar a nos dominar e esgotar o nosso eu interior.
Por isso, quando chegamos ao ponto de enfrentar um relacionamento insano, precisamos reaprender uma coisa que deveríamos ter muito clara: a única pessoa de quem preciso para viver sou eu mesmo.Nem mais, nem menos, isto é bastante simples. Não existe amor sem amor próprio.

O amor da sua vida é você mesmo. Quando você vai parar para entender isto?

O amor não suplica, o amor não roga, o amor não implora, o amor não chora em excesso.
O amor é uma condição saudável, o amor é uma condição positiva, o amor é uma habilidade. O amor é uma ambição de muitos mas um privilégio de poucos.

O medo de estar sozinho nos amarra a relacionamentos ruins

A princípio, o medo de estar sozinho na vida é uma questão adaptativa, positiva e saudável. Contudo, como em tudo, existem certos limites que não devem ser ultrapassados. Concretamente o de se submeter à dor e aguentar todo tipo de sofrimento para evitar a separação.
Muitas pessoas, em conseqüência da educação recebida e das experiências vividas, sentem grande desespero frente à ideia de se sentirem sozinhas no mundo, o que as impulsiona a se envolverem em relacionamentos disfuncionais.
Existem um texto de Maria Teresa de Calcutá que fala sobre isto é verdadeiramente perturbador.

“Existem pessoas que têm um cônjuge mas se sentem tão sozinhas e vazias como se não o tivessem.

Existem outras que, por não esperar, decidem caminhar ao lado de alguém errado e, no seu egoísmo, não permitem que esse alguém se afaste mesmo sabendo que não o faz feliz.
Existem pessoas que sustentam casamentos ou noivados já destruídos, pelo simples fato de pensarem que estar sozinho é difícil e inaceitável. Existem pessoas que decidem ocupar um segundo lugar procurando chegar ao primeiro, mas essa viagem é dura, desconfortável e nos enche de dor e abandono.
Mas há outras pessoas que estão sozinhas e vivem e brilham e se entregam à vida da melhor forma. Pessoas que não se apagam, pelo contrário, a cada dia se iluminam mais e mais. Pessoas que aprendem a desfrutar da solidão porque ela as ajuda a se aproximar de si mesmas, a crescer e a fortalecer o seu interior.
Essas pessoas são as que um dia, sem saber o momento exato nem por que, se vêem ao lado da pessoa que as ama com um verdadeiro amor, e se apaixonam de uma forma maravilhosa.”

É a sociedade que nos ensina a não gostar da solidão...

É comum ver ofertas de 2×1 em jantares, cruzeiros ou em coquetéis, por isso não é estranho termos a ideia preconcebida de que para ser uma pessoa completa e desfrutar da vida precisamos ter companhia.
Portanto, são poucas as pessoas que não esperam que os outros apaguem da sua mente emocional a sensação de solidão. Tendemos a nos sentirmos incapazes de sermos responsáveis por nós mesmos, de modo que a conseqüência mais direta desse pensamento é a necessidade de procurar alguém que nos proteja.
Tendemos a associar o fato de não ter companheiro com o isolamento afetivo e social, quando na verdade não ter companheiro não é sinônimo de reclusão ou de não ter opção para ter um contato humano significativo.
Não existe uma fórmula mágica que nos ajude a superar o temor de estarmos sozinhos, mas a melhor forma de acabar como isso é começando a estar, se arriscando a sentir, a se conhecer e a caminhar sem ajuda. Tendo ou não tendo companheiro, encontrar-se consigo mesmo e desfrutar da própria companhia é essencial para o nosso bem-estar. O resto pode ou não potencializá-lo, pois é um acessório.
Portanto, como disse Maurice Maeterlinck, “o silêncio interior é o sol que amadurece os frutos da alma”. Em outras palavras, encontrar companhia em você e se apaixonar por seu eu interior é um tremendo presente a si mesmo. A partir daí, venha o que vier, pois seremos capazes emocionalmente de nos sintonizar com os outros se quisermos.
Também cabe a possibilidade de não querermos nos apaixonar por ninguém e de, portanto, desejarmos estar sozinhos para nos conhecermos mais ou vivermos experiências que, de outra forma, não seriam possíveis. Esta decisão que parece tão fácil de analisar não é simples para a maioria de nós, pois parece que, como dissemos anteriormente, nos nossos modelos é imprescindível ter um companheiro.

Seja como for, para se apaixonar por outra pessoa primeiro é preciso se apaixonar por si mesmo, o que nos conduzirá a alcançar o equilíbrio interior dentro da solidão, uma grande companheira de viagem com a qual todos deveríamos falar no transcurso do nosso trajeto vital.

Fonte do texto: https://amenteemaravilhosa.com.br/momentos-solidao-preco-liberdade/ - Fonte da imagem: google/internet